Interview with Brazilian Teen Author Dora (Isadora Santos de Barros)

December 17, 2022
 by
Alexandria Peary

I am Isadora Santos de Barros, but because of my gender and my sexuality, prefer to be called Dora. I use the pronouns She/Hers and He/His. I am 17-years-old, and I am currently in the 11th grade at Edem High School in Rio de Janeiro. I was born in Rio Grande do Sul, Brazil. Dora (Isadora Santos de Barros)
Meu nome é Isadora Santos de Barros, mas por conta do meu gênero e sexualidade prefiro ser chamado de Dora tendo o pronome Ela/Dela Ele/Dele. Tenho 17 anos, e atualmente estou cursando o 2°ano do ensino médio na escola Edem. Nasci no rio grande do sul e vivo no rio de janeiro no Brasil.

 Dora, como a pandemi a influenciou a sua escrita?
Durante a pandemia eu passei por um processo de autoconhecimento, onde consegui entender mais a fundo sobre minha identidade artística e pessoal que utilizo hoje em dia.
Os anos de pandemia foram épocas de constante medo, ansiedade e desespero. Dentro do meu abismo con segui enxergar uma menina assustada e machucada pelas batalhas recentes, me deixando curiosa em sua resistência e sua coragem de movimento constante.Juntamos nossas forças e juntos fomos nos construindo e mudando o necessário de pouco em pouco me fazendo ter hoje orgulho da mulher que estou me tornando.Durante esse processo usei a escrita como forma de me comunicar com essa me nina assustada, percebendo então, que nossas revoltas com a sociedade, ou esse me do interior estava gritando muito mais alto e que precisávamos mostrar isso ao mundo.
Meu primeiro texto sobre um morador de rua em desespero por abrigo e comida foi inspirado em um projeto coordenado pela minha mãe chamado “Fome de arte”, onde ajudava moradores de rua que estavam passando fome, frio e tantas outras questões em ruas desertas de plena quarentena. Apresentei ao meu querido professor de teatro dentro da minha escola e com a sua ajuda consegui apresentar online e começar minha carreira com a escrita.
Dora, how did the pandemic affect your writing?
During the pandemic I went through a process of self-knowledge, where I was able to understand more about my artistic and personal identity that I use today.
The pandemic years were times of constant fear, anxiety, and despair. Within my abyss, I could see a little girl scared and bruised by recent battles, making me curious about her resistance and her courage in constant movement. We joined forces and together we constructed ourselves and changed what was necessary little by little, making me proud of the woman I am becoming today. During this process I used writing as a way to communicate with this scared little girl, realizing that our struggle with society, or this inner fear, was yelling louder and that we needed to show this to the world.
My first text about a homeless person in desperation for shelter and food was inspired by a project coordinated by my mother called "Hunger for Art", where she helped homeless people who were starving, cold, and with so many other issues in deserted streets in the time of full quarantine. I presented it to my dear drama teacher inside my school and with her help I was able to present it online and start my writing career.
Você diz que seu pai foi uma grande influência na sua vida, pode descrever uma experiência memorável comele enquanto vivo? Se preferir pode falar da sua mãe.
Eu poderia contar histórias radicais ou de muita aventura, masse fosse para voltar ao passado e ter um último momento com ele, eu escolheria as noites frias e estreladas da minha infância. Me deitava em seu colo em uma cadeira de balanço branca localizada na varanda de casa, onde  cada rugido da cadeira era uma batida forte do seu coração que se tornava uma canção para que o sono chegasse. Eu era pequeno e me encaixava perfeitamente em seu colo de um homem de 1.80 de altura. Por mais que fosse um homem já feito, me abraçava como uma mãe que acabara de deixar seu filho. Seus braços compridos me enrolavam como um fio de linha vermelha, que se entrelaçava e se tornavam o nó da ponta de uma agulha prestes a ser usada.
Ocorreu um dia em específico onde levantei da cadeira branca e fui para a parte do quintal que o telhado não cobria, sentei e olhei para aquele céu estrelado. Meu pai, como meu grande professor e minha inspiração devida me mostrou onde se localizavam alguns planetas, e apontei para uma estrela grande e brilhante.
"Aquela é a vovó?"- perguntei.
Não lembro de sua resposta, mas me recordo muito bem da sua admiração pela estrela que virou uma fotografia em minha memória. O senhor parado, olhando fixamente para o céu, e seu olhar transbordando seu pensamento naquele momento.
Nunca descobri o que ele estava realmente pensando, mas sei que envolvia muito amor.
You say your father was a great influence in your life, can you describe a memorable experience with him while alive? If you prefer you can talk about your mother.
I could tell you stories of radical and adventurous experiences, but if I were to go back in time and have one last moment with him, I would choose the cold and starry nights of my childhood. I would lie on his lap in a white rocking chair on the porch of his house, where every creak of the chair was the strong beat of his heart that became my lullaby.I was small and fit perfectly in the lap of a six foot tall man. As much as he was a grown man, he held me like a mother who had just left her child. His long arms wrapped around me like a strand of red thread, which intertwined and became the knot of the point of a needle about to be used.
There was one particular day when I got up from the white chair and went to the part of the yard that the roof did not cover, sat down and looked up at that starry sky. My father, as my great teacher and my inspiration in life, showed me where some planets were located, and I pointed to a big bright star.
"Is that Grandma?" I asked.
I don't remember his answer, but I remember very well his admiration for the star that became a picture in my memory. The man standing there, staring at the sky, his gaze overflowing with his thoughts at that moment.
I never found out what he was really thinking, but I know it involved a lot of love.
Você tem alguma obra/artista ou livros/autores favoritos no qual você modela sua própria militância?
Não. Existem diversos movimentos, livros e artistas que eu admiro bastante, porém não conseguiria modelar ou igualar minha luta a de outro alguém. Não por me achar melhor ou pior, são apenas histórias e caminhos diferentes impossíveis de serem reproduzidos.
Do you have any favorite works/artists or books/authors in which you model your own militancy?
No. There are several movements, books, and artists that I admire a lot, but I couldn't model or equate my struggle to anyone else's. Not because I think I am better or worse, they are just different stories and paths that are impossible to reproduce.
A sua paixão por alguma causa afeta sua escrita no geral?
Afetar não, mas contribuir sim. A causa contra o racismo e homofobia a todos da comunidade LGBTQIA+ me deu forças para poder me posicionar na minha escrita hoje em dia.
Does your passion for some cause affect your writing in general?
It doesn't affect it, but it contributes to it. The cause against racism and homophobia, to everyone in the LGBTQIA+ community, has given me the strength to take a stand in my writing today.
Enquanto criança, o quevocê costumava ler? Por acaso isso contribuiu para com quem você é agora?
Quando era criança nunca gostei de ler por algum motivo.Gostava muito das imagens que os livros passavam, mas seu conteúdo naquele papel não me trazia muito interesse. Minha mãe por ter tido uma infância completamente diferente da minha com menos privilégios escutava muitas histórias faladas, e me repassou muitas durante minha infância. Uma delas que levo para vida até os dias de hoje é "A Menina Da Caixinha DeFósforo". Ela conta sobre uma menina pobre que saiu em uma noite muito fria de natal para vender fósforos e depara com uma casa iluminada, com a mesa farta e todos os familiares em volta de uma fogueira. Portanto, começa a riscar todos os seus fósforos e se perde em sua atenção naquela família à deixando in consciente do frio e morrendo lentamente vendo outra realidade diferente da sua.
Quando minha mã e terminou de contar a história, eu perguntei o porquê dela não ter feito uma fogueira e ter sobrevivido em vez de ter olhado algo que ela não tinha. Para mim serviu como aprendizado não gastar meus fósforos com coisas vagas, e a penas utilizá-los quando necessário.  
As a child, what did you read? Did it by any chance contribute to who you are now?
As a child I never liked to read for some reason.I liked the images that books conveyed, but their content on paper didn't inspire much interest. My mother, for having had a completely different childhood from mine, with fewer privileges, listened to a lot of spoken stories, and passed many of them on to me during my childhood. One of them thatI have carried with me to this day is "The Matchbox Girl". It tells the story of a poor girl who goes out on a very cold Christmas night to sell matches and finds a brightly lit house, with an abundant table, and all the members of the household around a fire. So she starts to spark all her matches and gets lost in watching that family, leaving her unconscious from the cold and slowly dying from observing another reality different from her own.
When my mother finished telling me the story, I asked her why she didn't build a fire to survive instead of looking at something she didn't have. It served as a learning experience for me not to waste my matches on vague things, and only use them when necessary.  
Se pudesse descrever a vida no Brasil em três palavras, quais seriam elas?
Intrigante; Observador; Cultural
If you could describe life in Brazil in three words, which would they be?
Intriguing; Observing; Cultural
  
 

"Under the Madness lies literature" - Unknown
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UNDER THE MADNESS
A magazine for teen writers—by teen writers. Under the Madness brings together student editors from across New Hampshire under the mentorship of the state poet laureate to focus on the experiences of teens from around the world. Whether you live in Berlin, NH, or Berlin, Germany—whether you wake up every day in Africa, Asia, Australia, Europe, North or South America—we’re interested in reading you!