Respeitando cada história, aqui já contada.
É que ontem parei em um bar,
E vi almas vazias e copos cheios.
E vi almas vazias e corpos cheios de mágoa.
É que aqui vidas se vão quando postes se apagam.
E não é superstição.
É que dois anos numa cela me mostram que eu me tornei tudo aquilo que eu disse que nunca seria.
É que dois anos numa cela me mostram que me tornei tudo aquilo que disseram que eu sempre seria.
Algo que eu não consigo expor pra vocês,
Por mais que eu tente.
É, Chal, o canto dos pássaros engaiolados realmente é sufocante.
E, Kaya, agora eu entendo o gosto amargo
que você falava antes.
No meu peito só as vaias,
E me perdoem os ouvintes,
É que essa aqui quem escreveu foi a alma.
E nessa eu não vim militante.
Não vim protestante.
Também foda se o Capa,
Esse é só mais um rabisco do Alexandre,
Que resolveu expor tudo que estava entalado.
E agradeço a todos que estavam do meu lado.
Bine, nossas conversas salvaram a minha vida.
E, Dorgo, que nunca abandonou numa visita.
A dor de hoje não está contigo,
Mas amanhã quem sabe.
Mãe estou com saudade.
Não posso te vê hoje,
Culpa dessas grades que não abrem.
Cês não sabe como fere,
A dor de um confere.
Mais um dia, menos um dia,
Sem sua companhia.
Me perdoe mãe.
Cometi meus erros por conta da geladeira vazia.
E hoje eu sou um poeta marginal.
Mas ao me verem esqueci que sou poeta,
E pude entender, que agimos como bicho,
Pois nos tratam como bicho.
É tipo Tarzan ou Mogi o menino lobo,
Ou Marlon o menino novo,
Que se foi sem tempo de despedida.
Aqui balas levam vidas.
A branca de neve não é de conto de fadas
Na madrugada a pontos de fardas.
Sem cartão postal,
Bem vindo a Baixada.
Alexandre Avelar, mais conhecido como Capa versa é um jovem de 25 anos, morador do Engenho pequeno, comunidade que fica na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brasil e completou o ensino médio no Colégio estadual vereador percy Batista Crispim. "A poesia entrou na minha vida como um modo de expor ao mundo a realidade a minha volta, escrevo para passar a visão do meu bairro, para resgatar os meus crias, em forma de empoderamento para meus irmãos e irmãs de cor." "Minhas maiores maiores influências são os companheiros(as) de trabalho, como Dudu de Morro Agudo, mc Martina, Sabrina Azevedo e Dorgo Dj." Capa versa é poeta, produtor cultural, e músico. faz parte do Instituto Enraizados, é integrante do coletivo Enraizados no Vagão, que leva arte dentro dos transportes coletivos e já fez parte do Nós da Rua, já foi campeão do Slam Laje em 2019 além de ter levado sua arte para diversas escolas e universidades, os maiores sonhos de capa são, abrir uma biblioteca comunitária no seu morro, se formar na faculdade de história e sociológica e torna a vida melhor para os seus. para conhecermelhor, acesse: https://www.instagram.com/capaversa/ Imagem cedida pelo autor.
